terça-feira, 8 de maio de 2012

Diferenças e definições de INDUSTRIA CULTURAL E RAZÃO INSTRUMENTAL


Indústria cultural

O termo indústria cultural (em alemão Kulturindustrie) foi cunhado pelos filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), a fim de designar a situação da arte na sociedade capitalista industrial.


Membros da Escola de Frankfurt, os dois filósofos alemães empregaram o termo pela primeira vez no capítulo O iluminismo como mistificação das massas no ensaio Dialética do Esclarecimento, escrita em 1942, mas publicada somente em 1947.


Para os dois pensadores, a autonomia e poder crítico das obras artísticas derivariam de sua oposição à sociedade. No entanto, o valor contestatório dessas obras poderiam não mais ser possível, já que provou ser facilmente assimilável pelo mundo comercial[. Adorno e Horkheimer afirmavam que a máquina capitalista de reprodução e distribuição da cultura estaria apagando aos poucos tanto a arte erudita quanto a arte popular. Isso estaria acontecendo porque o valor crítico dessas duas formas artísticas é neutralizado por não permitir a participação intelectual dos seus espectadores[.


A arte seria tratada simplesmente como objeto de mercadoria, estando sujeita as leis de oferta e procura do mercado. Ela encorajaria uma visão passiva e acrítica do mundo ao dar ao público apenas o que ele quer, desencorajando o esforço pessoal pela posse de uma nova experiência estética. As pessoas procurariam apenas o conhecido, o já experimentado. Por outro lado, essa indústria prejudicaria também a arte séria, neutralizando sua crítica a sociedade.


Objetivo



Em todos os ramos da indústria cultural existem produtos adaptados ao consumo das massas, sendo por elas que as indústrias se orientam, tendo no consumidor não um sujeito, mas um objeto. Este termo define as produções artísticas e culturais organizadas no contexto das relações capitalistas de produção, uma vez lançadas no mercado, é por estes consumidas.


A indústria cultural idealiza produtos adaptados ao consumo das massas, assim como também pode determinar esse consumo trabalhando sobre o estado de consciência e inconsciência das pessoas. Ela pode ainda ter função no processo de acumulação de capital, reprodução ideológica de um sistema, reorientação de massas e imposição de comportamento.


Histórico



 Indústria cultural, é um termo concebido pelos teóricos da escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Max Horkheimer. As reflexões acerca desse tema surgiram à partir de uma “cultura industrializada” vista no período do nazismo, pois toda arte produzida era dirigida somente àquele sistema. Já nos Estados Unidos, Adorno vê o sistema da indústria cultural de forma “enrustida” principalmente no entretenimento, e é através do cinema, por exemplo, que a indústria cultural se faz presente e nos apresenta uma comunicação de massa, pois neste caso tinha o intuito de “desviar” os olhares da população aos problemas sociais da década de 30.


A indústria cultural, segundo Adorno e Horkheimer consiste em “moldar” toda a produção artística e cultural, de modo que elas assumam os padrões comerciais e que possam ser facilmente reproduzidas. Dessa forma, as manifestações de arte não são vistas somente como únicas, extremamente belas, mas principalmente como “mercadorias”, que incentivam uma reificação (ou transformação em coisa), e a alienação da arte feita para poucos e carentes de uma visão crítica a respeito.


A intenção da indústria cultural não é promover um conhecimento, porque conhecer levanta questionamentos, rompe paradigmas e necessita de novas respostas. Esse sistema incorpora nos participantes uma nova necessidade: a “necessidade do consumo”, geradora de mercadorias próprias para a venda e vinda do capitalismo e desta forma é possível representar e incentivar o produto ao invés do conhecimento. O conhecimento, por sua vez, se torna produto da elite e é sobre esses aspectos que Adorno e Horkheimer questionam quando tratam de indústria cultural. Sobre a forma pela qual as artes e o conhecimento humano são tratadas e se tornaram de fácil manipulação.


No entanto, falar de indústria cultural levanta também questões sobre a comunicação, a cultura e a manipulação de massas.


Razão instrumental


Razão instrumental é um termo cunhado provavelmente por Max Horkheimer no contexto de sua teoria crítica para designar o estado em que os processos racionais são plenamente operacionalizados (Escola de Frankfurt); à razão instrumental, Horkheimer opõe a razão crítica.
A razão instrumental nasce quando o
sujeito do conhecimento toma a decisão de que conhecer é dominar e controlar a Natureza e os seres humanos. A razão ocidental, caracterizada pela sua elaboração dos meios para obtenção dos fins, se hipertrofia em sua função de tratamentos dos meios, e não na reflexão objetiva dos fins. Na medida em que razão se torna instrumental, a ciência vai deixando de ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros para tornar-se um instrumento de dominação, poder e exploração, sendo sustentada pela ideologia cientificista
, que, através da escola e dos meios de comunicação de massa, engendra uma mitologia - a Religião da Ciência - contrária ao espírito iluminista e à emancipação da Humanidade.
Tendo cedido em sua autonomia, a
razão tornou-se um instrumento. No aspecto formalista da razão subjetiva, sublinhada pelo positivismo, enfatiza-se a sua não-referência a um conteúdo objetivo; em seu aspecto instrumental, sublinhado pelo pragmatismo
, enfatiza-se a sua submissão a conteúdos heterônomos. A razão tornou-se algo inteiramente aproveitado no processo social. Seu valor operacional, seu papel de domínio dos homens e da natureza tornou-se o único critério para avaliá-la."' (Max Horkheimer, Eclipse da Razão, Ed. Centauro, p. 29).
Embora a expressão razão instrumental tenha sido cunhada por Horkheimer, muitos autores clássicos se preocuparam, antes dele, em desvendar as novas bases das sociedades modernas, sobretudo o seu caráter eminentemente mercantil.
Entre eles, destaca-se
Max Weber, o primeiro a relacionar o surgimento da modernidade ao predomínio em todas as esferas da sociedade da ação racional com relação a fins - isto é, aquela que ocorre quando o indivíduo orienta sua ação pelos fins, meios e consequências secundárias, ponderando racionalmente tanto os meios em relação às consequências secundárias, como os diferentes fins possíveis entre si(Economia e sociedade). Esta seria, portanto, a marca do desencantamento do mundo característico do Aufklärung
e dos tempos modernos.
Ainda segundo Weber, embora esse padrão de ação resulte em maior poder e domínio sobre a
Natureza
, também escraviza o Homem, reprimindo a sensibilidade, a afetividade, a emotividade e as demais formas sensíveis de conduta humana, gerando especialistas sem espírito e sensualistas sem coração, nulidades que imaginam ter atingido um nível de civilização nunca antes alcançado (A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo).
Mais recentemente, também
Habermas, ao abordar a Modernidade, criticou a ação racional com relação a fins ou razão instrumental. Todavia, ao contrário de Weber, que era pessimista quanto ao futuro da Humanidade, Habermas mantém sua crença no projeto moderno e no crescente desenvolvimento da razão como base para a emancipação humana.



FONTES ( REFERENCIAS ):

Indústria Cultural: http://bit.ly/gSdJiI

Razão Instrumental: http://bit.ly/JcGGqq

2 comentários:

  1. O mais interessante é que a razão instrumental é caracterizada pela sua elaboração dos meios para obtenção dos fins, se hipertrofia em sua função de tratamentos dos meios, e não na reflexão objetiva dos fins é tambem sustentada pela ideologia.

    Bruna Stella

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