segunda-feira, 19 de março de 2012

Grupo cobrava R$ 60 mil por vaga de medicina


A Polícia Federal prendeu ontem 15 acusados de participar de uma quadrilha que fraudou, por mais de uma década, vestibulares para Medicina de faculdades particulares em vários Estados do País, inclusive em São Paulo. Dezenas de alunos eram aprovados por ano pelo bando, que cobrava R$ 60 mil por vaga.
De acordo com a PF, a quadrilha atuou em pelo menos 13 vestibulares nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Piauí e Goiás. Nomes de acusados e das escolas envolvidas na fraude não foram revelados. A participação de funcionários das instituições no esquema não foi confirmada, mas a polícia já tem nomes de “dezenas” de estudantes e pais que pagaram pela aprovação nos cursos. Eles deverão responder por estelionato.
As investigações foram comandadas pela PF de Araraquara, no interior do Estado, que não quis revelar de onde veio a denúncia. Mas a reportagem apurou que ela partiu, há cerca de quatro meses, do Centro Universitário de Araraquara (Uniara), que nega o envolvimento. Segundo o delegado Nelson Cerqueira, a quadrilha era liderada por um médico de Goiânia, dono de um hotel na Bahia.
Durante a ação da PF, batizada de Operação Arcano, foram apreendidos computadores, documentos, agendas, equipamentos eletrônicos e dois revólveres. As prisões foram feitas em São Paulo (nas regiões de Jaú e de Ituverava), Bahia, Tocantins, Pará, Goiás e Rio Grande do Sul.
O próximo passo será levantar informações contidas nos materiais apreendidos. Com eles, a PF espera identificar os clientes da quadrilha. “A quantidade de pessoas que vamos ouvir ainda é muito grande. Vamos identificar quem são essas pessoas, pode ser que consigamos dados de vestibulares anteriores. Com isso, vamos também comunicar as instituições sobre os alunos que cometeram a fraude no passado”, disse o delegado.
De acordo com Cerqueira, como os acusados colaboraram e as investigações devem demorar mais do que os dez dias de prazo da prisão temporária, a PF optou por liberá-los após prestarem depoimento. Todos vão responder pelos crimes de formação de quadrilha e estelionato – a pena pode chegar a oito anos de prisão.

O golpe
Os estudantes recebiam as respostas por meio de pontos eletrônicos – um meio de fraude que se tornou popular em concursos públicos e outros processos seletivos nos anos 2000. O gabarito era repassado por alunos que faziam as provas das áreas de suas especialidades e saíam das salas antes do horário-limite. Uma central em Goiânia coordenava o trânsito das informações para os estudantes.
A seleção de possíveis clientes era feita por meio de bandidos infiltrados entre alunos de cursinhos. Assim, eles selecionavam os estudantes e os pais interessados na compra de respostas. Mas o dinheiro só era pago após a aprovação do estudante.
Uma vez cooptados, os estudantes passavam por uma espécie de treinamento para enganar os fiscais de prova no dia do vestibular. “Eles ensinavam a disfarçar o equipamento e até simulavam o ambiente da prova, às vésperas do vestibular”, contou o delegado. “Mas os gabaritos nunca eram feitos com 100% de acertos, para não chamar a atenção”, completou Cerqueira.

Autor: Chico Siqueira

Um comentário:

  1. A polícia de Araraquara esta fazendo um ótimo trabalho, com a denuncia dessa fraude onde muitos estudantes foram prejudicados,pois dedicaram todo seu tempo ao estudo para conseguir ingressar em uma universidade e concretizar o sonho,enquanto alguns só se beneficiaram, acredito que a polícia irá dar continuidade a este caso até que tudo esteja esclarecido e que todos os envolvidos com a fraude posssam responder.

    De: Bruna

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