Ao longo de sua formação, o professor aprende que é preciso ser humilde e aceitar o fato de não ser o dono da verdade. Quando vai para a sala de aula, ensina para seus alunos que a humildade é importante e ajuda na caminhada pela vida. Entretanto, não raro nos deparamos com profissionais da educação que confundem humildade com humilhação.
Ser humilde é, antes de tudo, aceitar-se eterno aprendiz, mas nunca esta aceitação deve chegar ao extremo do professor submeter-se aos caprichos dos pais e alunos, isto já é humilhação.
Na comunidade escolar, o profissional da educação é quem estudou e se preparou para ser o líder da caminhada pela construção do conhecimento e não para receber orientação de como, quando e o quê fazer, de pessoas sem preparo nenhum para isto.
É preciso, sim, respeitar o saber individual, mas, se não puder acrescentar nada ao conhecimento pré-existente de seu aluno, o professor deve mudar de profissão. Se não fosse para liderar a aprendizagem, porque um professor precisaria estudar tanto, ler constantemente, preparar-se e continuar estudando?
E se não for para mostrar atodos que sabe, que lidera e está no caminho certo,qual seria sua ação?! Não basta conseguir aprovar todos os seus aluno e sim ser referência, paradigma, modelo.
Vale lembrar que a finalidade primeira da escola é ensinar crianças e adolescentes a viver em sociedade. E o que seria viver em sociedade senão estar preparado para o mercado de trabalho, para o mundo produtivo e para o coletivo.
Aos pais cabe ensinar valores, a importância da escola e o respeito aos professores que lá estão para ensinar o saber científico, apoiando o professor e auxiliando o filho a fazer a parte que lhe cabe no caminho pelo domínio do conhecimento.
E é por ensinar que a escola deve estar nas manchetes de jornais e televisão, não porque ganhou uma sala de aula nova ou foi interditada.
Para ser pai ou mãe basta ter um relacionamento com alguém do sexo oposto e seguir o instinto da perpetuação da espécie. Portanto, quem tem que saber e nortear o ensino de nossas crianças e adolescentes é o professor e não os pais.
Cabe a estes profissionais, que estudaram muito, levar a escola a cumprir sua função primordial para a sociedade que a criou e mantém: ensinar.
Para ser professor é preciso muito mais do que o diploma recebido após os quatro ou cinco anos de ensino superior. É indispensável sempre e diariamente ler, aprender, re-aprender, reler, reestruturar o processo pedagógico, reescrever, preparar aula, ler, estudar e, continuar estudando.
Muitas vezes, apesar da interferência dos pais no processo pedagógico, os professores contentam-se em ver o crescimento de seus alunos, esquecendo-se de mostrar aos mesmos pais, aos colegas e demais pessoas da comunidade, os bons trabalhos que desenvolve em sala de aula com os alunos. E este é seu maior pecado, resultado do excesso de humildade.
Noutra linha, a professora não divulga seu trabalho por temor de ser classificada de "exibida" ou para evitar comentários do tipo "ela quer só se aparecer". Infelizmente, para a grande maioria dos professores, basta que seus alunos se sobressaiam e, em sua 'humilde' opinião, o mérito, o reconhecimento deve ser para as crianças. E deve ser mesmo, mas que não seja somente para os alunos, pois os estudantes sozinhos, pouco fariam, com raríssimas exceções.
Já é tempo do professor mostrar o que faz, contar ao mundo, aos pais, a seus pares e até para si próprio, a grandiosidade de seu trabalho, a importância de sua profissão, e ganhar um pouco mais de auto-estima, de reconhecimento profissional e pessoal.
Neste ponto, vale registrar as palavras de Karl Konstantin Knüppel, o fundador do manuscrito em alemão Der Beobachter am Mathiasstrom, o primeiro jornal do interior da Província de Santa Catarina, em 2 de novembro de 1852, em Joinville,"não existe, efetivamente, nada mais interessante no mundo - nem mesmo para o mortal mais sábio e mais humilde - do que ler algo a respeito de sua pessoa".
Portanto, a falsa modéstia, o excesso de humildade, não podem privar os professores de socializar suas experiências positivas.
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Fonte: Jornal da educação